Unidos da Tijuca
Enredo 2024
- Enredo: “O Conto de Fados”
- Carnavalesco: Alexandre Louzada
- Presidente: Fernando Horta Vasconcelos
- Diretor de Carnaval: Marquinho Marino
- Intérprete: Ito Melodia
- Mestre de Bateria: Casagrande
- Rainha de Bateria: Lexa
- Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Matheus André e Lucinha Nobre
- Comissão de Frente: Sérgio Lobato
“O Conto de Fados”
G.R.E.S. Unidos da Tijuca | Carnaval 2024
Sinopse – RESUMO
Em um mundo de mitos e lendas, recorremos a Orfeu da Conceição como nosso Aedo, narrador e condutor da história. Descendente do mito grego, ele, que conhece o passado, o presente, e o futuro, ele, que por amor desceu “ao abismo da saudade, aos confins da eternidade”, aprendeu a cantar, contar e interpretar histórias, principalmente, as que dizem que nunca existiram. Depois de viajar por muitos séculos, nosso Orfeu, juntando as lendas, tentou fazer um fado, mas quis o destino que saísse um samba fadado …fadado a contar como as histórias de lá acabaram sendo também as histórias de cá.
1 – Hoje a Tijuca é o pescador de histórias, essas que flutuam nas vagas de um oceano mágico,imaginário, de espumas
que rendam e bordam personagens.
Ó, mar salgado! Quanto de teu sal vem dos “fados” de Portugal? És o mar cantante que dedilha uma lira e versa versos de Orfeu, que entoa tudo aquilo que não se prova existir, que mareja nos olhos do horizonte distante e que, em seu vagar constante, se faz ouvir, “do nada que é tudo”, e que cisma em nos contar.
Vai buscar, no tempo distante, “OFIUSSA”, o Reino mítico, terra das serpentes que residiu nas épicas linhas do poema de Homero; páginas de feitos heroicos daquele Odisseu, que singrou o mar, fora do azul Egeu, num desvio aventureiro, para além das colunas de Hércules, ao desconhecido para desvendar o mistério de um mágico lugar. Descreve do alto de um castro imponente, a morada encantada da mulher, rainha serpente, fadada à solidão e carente, a governar um povo hostil, temido por todo e qualquer navegante. Diz o destino, fado, por ironia, que ela se deixou seduzir, um dia, por esse tal guerreiro errante e que por ele fez de pedras se erguer uma cidade deslumbrante, Olissipo, Lisboa, disposta à foz do Tejo, que brota do desejo como a cidade de Ulisses em honra ao bravo herói de Tróia visitante. Fado que canta traição e ciúme que se faz eternamente como uma ardente lenda de amor.
Contam suas águas, em melodia, nos acordes dessa lira do delírio, que nessa terra, um dia, se deixou desvendar o segredo guardado das naus fenícias, que serias tu a terra mágica das riquezas escondidas, da prata e do ouro de Ofir.
Foste, então, de sua praia bravia, disfarçada em brumas, de onde esse tal tesouro escorria, o raro metal que luzia no rico trono de Salomão. Seria lá a mina resguardada pelo negro rochedo dos cavalos de Fão, o eterno guardião, que ora se esconde para emergir das marés e proteger-te dos grandes olhos da cobiça.
Eis o desafio do conto que aumenta um ponto.
2 – Permanece o mistério…
Foste, em tempos idos, a terra pisada da grande caminhada dos povos na idade do bronze. Esses que te confiaram a magia druida dos celtiberos e que te apresentaram a crença pagã de primitivas divindades e seus cultos a florescer e festejar primaveras.
Também foste o refúgio dos povos que te ofereceram a celebração do vinho e te trouxeram as cepas para germinar, na fertilidade de seus vales, espalhando, em teu solo, tribos, reinos sem reinado.
3 – Serviste também como palco constante de invasão de impérios ricos e dominantes, e viste a tua terra escrava, por tempos de muito tempo… uma era; mas, que também se levantou altiva, pois lutaste batalhas, forjaste heróis do solo lusitano e triunfaste sob a espada e a coragem do mito herói Viriato – aquele te fez conhecer a breve liberdade e te fez nascer um reino!
Mas um dia, o tempo não te fez estável a gozar da soberania e viveste um novo domínio que se arrastou por longos mil anos. Uma era que modelou costumes, crenças, língua, hábitos e arquitetura; que te dera segredos mágicos, receita de sabores; que compartilhou saberes, encantarias e sortilégios, dando-te o mosaico: um rabisco de tez forte, de traços e de contornos morenos, mouriscos…
Passaram-se centenas de “mil e uma noites” nesse teu “Conto de Fado”…..
4 – E finalmente se batizou, como o conhecemos, Portugal; transformaste em reino de vocação e de ímpeto ao mar, pois é, de fato, fado, porque “assim a lenda escorre ao entrar na realidade e, ao fecundá-la, decorre”.
“Navegar é preciso”, nesse lendário lugar, onde, por mais que se procure diferir, tudo rima com mar, desbravar, invadir, glorificar, com tanto fado de amar, lança homens de coragem ao mar, em velas que se inflam e partem avante, de Sagres, o saber sem par.
Seguindo o caminho sobre as ondas e, assim, conhecer, desvendar, sincretizar mistérios mundo afora. Dos ilês de África, contidos nas conchas do Ifá, lavar a alma, o espírito de aventureiro de sal e de sol, ao vento, percorrer no intento, contornos do Reino de Matamba até as praias de Zanzibar.
E é dessa forma que o Fado, navegador errante, segue o rastro de aroma inebriante, de especiarias distantes, no Índico mar de Samorim, a beijar ardentemente, com gosto de cravo e de canela, a Costa do Malabar. Fado que ainda mais vagueia, rabiscando, nas águas, imagens alheias, palavras soltas que Camões irá juntar e ilustrar naquela famosa viagem, quando os navegantes chegam à Ilha dos amores, grande e bela, e encontram as ninfas a espera, e depois de um descanso profundo, se desvela a “Máquina do Mundo”, total explicação da vida, verdade que fora escondida. Ao sabor do vento ou na deriva da calmaria, seu fado desliza lento e tece encontro e conhecimento, da terra da seda, negócio da China milenar… mas, que também vislumbra a miragem de paraísos selvagens, da “ilha de Vera Cruz”, de “Pindorama” ou mais além, as terras da aborígene Guiné no desconhecido e longínquo mar da Oceania. Ao longe, sempre e forte, ouve -se a voz do Velho do Restelo, consciência crítica e apelo contra a cobiça desmedida, desvelo, voz que entoa o alerta desse fado, contra a ganância sem fim, a voz de empatia com cada terra conquistada e invadida, voz ainda hoje ouvida.
5 – Esse Fado – que hoje é o nosso canto – vem agora cumprir seu ideal ao revelar, com grandeza e encantos, versos do pequeno, imenso Portugal. Através de seus poetas que descrevem jeitos e maneiras, os nossos descreverão um pouco dessa gente que se espalhou ao mundo e fez da nossa a sua pátria também.
Hoje , assim como o fado, inventamos um mar nessa Tijuca, um vaivém de encanto que se veste, imponente e orgulhosa, a ostentar suas ” eiras e beiras”, com o seu “Samba Fadado” a se unir num orfeão que ecoa ao cantar esse conto. Vem festejar e te abraçar, perfumada de flores, de alfazema, de cravos e tantas outras cores e 6 se cobrir de encanto, de devoção, de cantaria e de fé num desfile em romaria.
Abençoado Portugal! Que assim seja o vosso nome, por todos os Santos, filhos do seu chão.
Que Fátima, com seu último segredo, nos faz descobrir que também és “Aparecida ” e nesse enredo, esse Fado de sambistas” , “Orfeus do Carnaval ” és também Oxum e todas as Yabás, porque toda mãe é rainha em oração e todas as crenças se unem em perdão!
E roguemos a Deus que leve os nossos corações com fervor ao seu sagrado Rosário na Cova da Iria, que a sua graça esteja presente, na Unidos da Tijuca, no seu grande dia!
Amém!
Títulos da Escola
2014
Campeã
2010
Campeã
2012
Campeã
1936
Campeã
Ficha Técnica
- Fundação: 31/12/1931
- Cores: Azul e Amarelo
- Presidente: Fernando Horta
- Quadra: Clube dos Portuários – Av. Francisco Bicalho, 47 – Santo Cristo, Rio, RJ Sede – Rua São Miguel, 430, Tijuca – Rio de Janeiro, RJ – CEP 20530-420
- Barracão: Cidade do Samba (Barracão nº 12) – Rua Rivadávia Correa, nº 60 – Gamboa – CEP: 20.220-290
A História da Unidos da Tijuca
Em 1936, a escola foi a grande campeã do carnaval carioca, com o enredo Sonhos delirantes. Naquele desfile, realizado na Praça Onze, a Tijuca trouxe uma inovação, apresentando alegorias aludindo o enredo.
De 1960 a 1980, enfrentou um período muito difícil, desfilando no segundo grupo e sem conseguir subir. Neste período, somente uma vez chegou perto de voltar ao grupo das grandes. Em 1980, foi a campeã do Grupo 1B, voltando ao grupo principal do carnaval carioca.
O empresário português Fernando Horta assumiu a presidência em 1992 pela primeira vez. Sob sua gestão, uma nova quadra de ensaios foi inaugurada, no Santo Cristo, zona portuária. De acordo com Fernando Horta, essa foi uma medida para atrair recursos para a escola, que assim, poderia ajudar mais a comunidade. Alguns membros da comunidade, no entanto, reclamam da falta de presença da entidade em sua própria quadra, utilizada apenas, segundo estes, pela escola de samba mirim.
Em 1998, homenageou o navegador português Vasco da Gama, além do Clube de Regatas Vasco da Gama, que completava o seu centenário. Nesse ano, foi rebaixada. Mais de uma década depois, o presidente classificaria aquele como “o melhor desfile” e atribuiria o rebaixamento ao fato de os jurados serem flamenguistas e anti-Eurico Miranda. Em 1999, no Grupo de Acesso, a Tijuca fez um desfile memorável, com o enredo O Dono da Terra do carnavalesco Oswaldo, recebendo todas as notas “10”, com um belo carnaval e um samba considerado por muitos especialistas como “antológico”, sendo reconduzida ao Grupo Especial.
Em 2000, no carnaval comemorativo dos 500 anos de Descobrimento do Brasil, apresentou o enredo Terra dos papagaios… Navegar foi preciso!. Nesta ocasião, após polêmica devido ao uso da imagem de Nossa Senhora da Boa Esperança e uma cruz, o carnavalesco Chico Spinoza chegou a ser detido e o painel apreendido. O delegado responsável pela operação chegou a dizer que a escola já teria, com isso, alcançado seus minutos de fama, já que possivelmente obteria uma má colocação. No entanto, o quinto lugar obtido foi o melhor resultado em quase 50 anos. No ano seguinte, cantou a vida e obra de Nélson Rodrigues, mas não obteve o sucesso do ano anterior.
Em 2002, contou a história da Língua Portuguesa, homenageando os países da CPLP. A escola teve problemas com a última alegoria, que a fez terminar o desfile acima do tempo regulamentar e, com isto, ser punida com 0,2 na apuração, terminando em nono lugar. O ano de 2003, abordou como tema de seu desfile os Agudás, povo africano formado por ex-escravos brasileiros que foram para a África. Um desfile também problemático em diversos quesitos, obteve novamente a nova colocação.
Com a chegada de Paulo Barros, em 2004, a Tijuca surpreendeu e conquistou o vice-campeonato, através de um enredo que falava dos avanços da Ciência, tendo revolucionado a estética dos desfiles ao apresentar alegorias humanas. A Revista Nature destacou a alegoria, cuja atração era a presença de 133 bailarinos, que através dos seus movimentos, formavam uma espiral, representando o DNA. Na opinião do então prefeito César Maia, o carro alegórico foi o mais marcante do ano.
Em 2005, foi novamente vice-campeã, com um enredo que falava de cidades e reinos do imaginário humano dessa vez ficando a apenas um décimo da campeã Beija-Flor, tendo sido a favorita do público e vencedora do Estandarte de Ouro de melhor escola.Em 2006, a escola do Morro do Borel entrou como favorita no Sambódromo[carece de fontes onde realizou um desfile vibrante. O enredo abordava o som, e segundo o carnavalesco, seu desafio seria transformá-lo em imagem. O desfile transcorreu perfeitamente[carece de fontes, e a escola ganhou, mais uma vez, o Estandarte de Ouro de melhor escola, porém amargou a sexta colocação. Após o carnaval, Paulo Barros transferiu-se para a Viradouro, sendo substituído pela dupla Lane Santana e Luiz Carlos Bruno
Em 2007, a Tijuca manteve o estilo de Paulo Barros desfilando com o enredo De lambida em lambida, a Tijuca dá um click na avenida, que falou sobre a fotografia, conquistando a quarta colocação, ainda à frente do Viradouro. No carnaval de 2008, a azul e ouro da Tijuca falou sobre os diferentes tipos de coleções.
Alegoria, no desfile de 2009.
No ano seguinte, saindo da linha sobre temas abstratos, apresentou o enredo Uma odisseia sobre o espaço, de autoria de Luiz Carlos Bruno, texto de João Pedro Roriz e samba-enredo de Julio Alves e Totonho,obtendo a 9º colocação. O presidente, naquele ano, reclamou, após o resultado, que a Beija-Flor, ao desfilar antes da Tijuca com um enredo que abordava o banho, espalhou água pela pista, o que teria prejudicado a apresentação dos segmentos, especialmente, do casal de mestre-sala e porta-bandeira
Com o enredo É segredo! e a volta do carnavalesco Paulo Barros no carnaval 2010, a escola quebra o jejum de 74 anos sem o título do Grupo Especial e se torna a campeã do carnaval carioca pela segunda vez,levando ainda o Estandarte de Ouro de melhor escola.