Mangueira
Ficha Técnica 2024
- Enredo: “A Negra Voz do Amanhã”
- Carnavalesco: Annik Salmon e Guilherme Estevão
- Presidente: Guanayra Firmino
- Vice-Presidente: Moacyr Barreto
- Presidente de Honra: Eli Gonçalves da Silva (Chininha)
- Diretor de Carnaval: Amauri Wanzeler
- Vice-presidente de harmonia: Helton Dias
- Intérprete: Marquinhos Art’Samba e Dowglas Diniz
- Mestre de Bateria: Taranta Neto e Rodrigo Explosão
- Rainha de Bateria: Evelin Bastos
- Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Cintya Santos e Matheus Oliverio
- Comissão de Frente: Karina Dias e Lucas Maciel
“A NEGRA VOZ DO AMANHÔ
G.R.E.S. Estação Primeiro de Mangueira | Carnaval 2024
Sinopse – Resumo
O sonho que me criou tinha som!
Canto de voz negra, de mulher,
De São Luís do Maranhão.
De sangue Nazareth, do amor de Seu João Carlos e Dona Felipa.
Conduzida pela fé, pelos encantos de sua gente e solos de piston.
Pelo desejo de ser, o destino em vencer, pela vontade em tecer
Novos caminhos aos sambistas e mulheres de uma nação.
Da esperança fez seu afã;
De sucesso, sou eu, o seu amanhã.
Nasci a sombra de um velho cajueiro,
Templo de memórias de minha pequena,
Cuja família farta foi sua primeira devoção.
Dos filhos, era a quarta,
De uma infância de bonecas feitas à mão,
Ao som dos metais, ensinados pelo pai,
Em sua instrumental criação.
Na sua vida, logo a música marcou presença
Mergulhada, também, em tantas crenças, preces e procissões
De seu povo que lhe ensinou desde cedo
Que a fé vai muito além das religiões.
Tudo é questão de crer numa força maior e do bem,
Seja de Mina, Encantado ou de amém.
Adorê as almas! Que se afaste de nós todo quebranto!
Xangô nos guie com Iansã
Na graça de Deus, da Virgem Maria e do Espírito Santo!
Me bordei com ela em fitas, rendas e flores
Se encantou com os tambores
Que falam com pandeirões e matracas;
Caixas e maracas fazendo tremer o chão!
Em ladainhas de reisado, em folias de Fofão,
Em louvor a São Marçal, São Pedro e São João.
Quem “inda” não viu Tambor de Crioula do Maranhão?
Rodam saias de coreiras em cortejo colorido,
Pés descalços, canto preto, coração a São Benedito!
Cazumbá chegou e o boi se levantou
Riscou a ponta na terra que o terreiro poeirou,
Brincaram caboclos no balançar das penas,
Desfilaram vaqueiros montando a cena.
Pra festejar o touro negro que a encantou.
Cresci ao viver o que a cultura popular lhe proporcionou!
Me arriscou pra se fazer mais forte!
Sob a batuta de seu velho, cantou os primeiros acordes
Educou e buscou a própria sorte após uns solos de trompete.
Desembarcou num Rio Antigo
E, através dos discos, seguiu o sonho da canção.
Buscou a sua “grande chance” sendo o som das madrugadas,
Das turnês, clubes e baladas
Até se tornar a Marrom.
O cantar marcante que entoava
As poderosas divas negras, até ser notada
Como aquela que seria a grande voz
Do Swing e da ginga; do soul e mandinga;
Do banzo e Blues;
Do partido alto e seu primo Jazz,
Afro-mestiço, preto de olhos azuis.
Recebeu, enfim, seu anel de bamba
Começava, ali, a sua história com o samba.
Ganhei corpo malandreado e um gostoso requebrado
Que a levou às paradas de sucesso, ao tão sonhado estrelato
Obviamente, não foi fácil, mas onda forte não derruba quem tem fé
Nem machuca quem tem Figa de Guiné!
Seu surdo te escutava e chorava para o povo se alegrar
E aí foi que eu sambei, comadre
Com seu companheiro, o amigo pandeiro,
Que apanha sorrindo pra gente cantar. Que sufoco!
Amor louco pelo samba, que me vira a cabeça e envenena,
Mas que sempre vale a pena, pois é garoto maroto, menino sem juízo,
E já aprendemos a te aceitar assim, faz bem pra mim e pra todo mundo.
Você o transformou, também, como bandeira de luta, dando um alerta geral
Sobre a importância da música nacional, a nossa negra cultura ancestral,
Através de seu cantar, como um ser de luz, um eterno sabiá,
Tornou-se o vício das massas, a porta voz de sua raiz,
A estranha loucura de um país. A loba escondida de várias mulheres,
A cor marrom de tantos Brasis.
Mas eu não estaria completo se não chegasse onde você queria,
Na comunidade em que deixo de ser apenas seu, para ser de tantos, como magia.
Onde o ébano desce o morro,
Se vestindo em verde e rosa e encantando a poesia,
Além da menina, que via fotos das baianas pelas páginas do Cruzeiro
E se deu como missão encontrar os baluartes e partideiros
Da Primeira Estação, fazendo desse chão seu novo terreiro.
Mas não bastava apenas desfilar, era preciso transformar aquele lugar,
Pois seu dom sempre foi, além de cantar, estar pronta para alegrar e ajudar.
Mangueira é uma mãe que escolheu você como filha
Que não nasceu no Buraco Quente, mas veio de amorosa ilha
Para transformar o “Amanhã” dessa gente que hoje brilha
Como rainhas e ritmistas, cantores, casais e passistas
Crianças que se transformaram e encantam como artistas.
De uma escola onde não sou apenas amanhã,
Sou hoje!
Que luta com você para nunca deixar o samba morrer!
De um povo que te ama, que na avenida te espera e aclama
Por te conhecer ao longe,
A minha negra voz, a nossa amada Alcione!
Títulos da Escola
2019
Campeã
2016
Campeã
2002
Campeã
1998
Campeã
1987
Campeã
1986
Campeã
1984
Campeã
1973
Campeã
1968
Campeã
1967
Campeã
1961
Campeã
1960
Campeã
1954
Supercampeã
1950
Campeã
1949
Campeã
1940
Campeã
1934
Campeã
1933
Campeã
1932
Campeã
Ficha Técnica
- Fundação: 28/04/1928
- Cores: Verde e Rosa
- Presidente: Guanayra Firmino
- Presidente de Honra: Nelson Sargento
- Quadra: Rua Visconde de Niterói, 1.072 – Mangueira, CEP 20943-001
- Ensaios:-
- Barracão: Cidade do Samba (Barracão nº 13) – Rua Rivadávia Correa, nº 60 – Gamboa – CEP: 20.220-290
- Web site: [email protected]
- Imprensa: Rubem Machado
A História da Mangueira
Nos carnavais de 1930 e 1931, os blocos do Morro da Mangueira se fundiram à Estação Primeira de Mangueira, que desfilou na Praça Onze com grande contingente.[32] Venceu os três primeiros concursos oficiais, foi vice-campeã em outros dois. Não desfilou em 1937, pois o desfile foi cancelado por ordem do delegado de polícia Dulcídio Gonçalves. Neste ano, o morro da Mangueira foi representado pela azul e rosa Unidos de Mangueira, que somente participou do desfile oficial por quatro anos.
Com o racha entre os sambistas no ano de 1949, a Mangueira, juntamente com a Portela, decide seguir com a UGESB, acusada de ser uma organização simpatizante do Comunismo, enquanto outras escolas, como o Império Serrano, decidiram seguir a liga paralela estimulada pelo governo municipal, a FBES. Foi neste ano que Jamelão assumiu o posto de cantor oficial na escola, ocupando o lugar de Xangô da Mangueira. Logo em seu primeiro desfile, no posto, a escola sagrou-se campeã.
Em 1950, a Mangueira seguiu para a UCES, onde foi novamente campeã, retornando à UGESB em 1951, até a reunificação das entidades no ano seguinte. Em 1980, obteve sua pior colocação até então, quando foi a oitava colocada.
Em 1984, ano de inauguração do Sambódromo, protagonizou um dos momentos mais marcantes da história do Carnaval Carioca. Após desfilar, a escola retornou pela Sapucaí, sendo aclamada pelo público. Naquele ano, o primeiro onde houve dois dias de desfile para as escolas de samba, a primeira divisão acabou sendo dividida em dois grupos, sendo cada um, um concurso diferente. Mangueira e Portela, duas das escolas mais tradicionais, venceram, um o desfile de domingo, e outra o de segunda-feira. Um novo concurso foi realizado no sábado seguinte ao Carnaval, entre as melhores escolas de cada dia de desfile, além das melhores do grupo de acesso também. Por fim, a Mangueira sagrou-se “supercampeã”.
Após ser bicampeã em 1986/1987, e vice em 1988, a agremiação obteve algumas colocações ruins, como o 11º lugar em 1989, e o 12º lugar em 1991 e 1994. Apesar da má colocação, o samba enredo de 1994, de autoria de David Correa, Paulinho, Carlos Sena e Bira do Ponto, é considerado por parte da crítica como um dos mais empolgantes da década [36] A composição, que possuía o refrão “me leva que eu vou, sonho meu, atrás da verde e rosa só não vai quem já morreu”, falava dos chamados “doces bárbaros”, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa e Maria Bethânia.
Datam também dessa época as primeiras parcerias de sucesso da escola com grandes empresas, e do início de grandiosos projetos, como da Vila Olímpica. Em 1995, sucedendo o conhecido presidente Álvaro Caetano, o Alvinho, assumiu a presidência da escola Elmo José dos Santos, que ocuparia o posto por dois mandatos. Sob sua presidência,a Mangueira conquistaria o título duas vezes.
Em 1998, ao escolher Chico Buarque como tema de seu carnaval, a Mangueira escolheu em sua eliminatória interna um samba-enredo de uma parceria de compositores paulistanos, membros da escola de samba Morro da Casa Verde, o que gerou alguma polêmica devido à rivalidade entre cariocas e paulistas. Apesar da polêmica, a escola empatou com a Beija-Flor, voltando a conquistar um campeonato após um jejum que já durava onze anos. Logo após o carnaval, em 19 de abril de 1998, foi criada a Academia Mangueirense do Samba.
Ainda a Mangueira voltaria a vencer o Carnaval novamente em 2002 com um enredo que falava sobre o Nordeste, perdendo no ano seguinte para a Beija-Flor. Nesse ano, 2003, a Mangueira trouxe como tema a história de Moisés e da libertação do povo hebreu, narrada no Antigo Testamento,[40] trazendo um samba de autoria de Marcelo Dáguiã, Bizuca, Gilson Bernini e Clóvis Pê, que começava com o refrão “Quem plantar a paz, vai colher amor, um grito forte, de liberdade, na Estação Primeira ecoou”, considerado muito bonito pela crítica. Gerou polêmica naquele ano o fato de a comissão de frente, coreografada por Carlinhos de Jesus, não obter a nota máxima, o que sempre vinha acontecendo nos anos anteriores.
Em 2006, a Mangueira escolheu sua nova diretoria, onde numa eleição disputada, Percival Pires derrotou Ivo Meirelles, sendo eleito o novo presidente da escola. Ivo, no entanto, mais adiante ficou com o cargo de presidente da bateria, cargo este que não costuma existir na maioria das escolas de samba, sendo quase uma exclusividade da verde e rosa.
Para 2007, a Mangueira mexeu com vários tabus: ao comemorar seus oitenta anos, pela primeira vez permitiu a presença de mulheres na bateria, ideia esta que partiu do próprio presidente da bateria, Ivo Meirelles, ideia esta que gerou polêmica. Além disso, Preta Gil veio como rainha de bateria da escola, quebrando uma tradição de ter rainhas somente vindas da própria comunidade, eleitas através de um concurso. Porém o fato que causou maior comoção, não só na escola, mas em todo o meio dos sambistas aquele ano, foram os problemas de saúde do intérprete Jamelão, que sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico e não gravou o samba-enredo da Mangueira para o CD oficial das escolas do carnaval de 2007 nem pôde desfilar com a escola. O então desconhecido cantor de apoio Luizito substituiu o Mestre Jamelão, impossibilitado de cantar, mas também sofreu problemas de saúde pouco tempo antes do desfile e quase foi vetado pelos médicos. Uma sequência de fatos negativos começaram a recair sobre a entidade a partir de então.
No dia do desfile, Beth Carvalho foi impedida de desfilar e praticamente expulsa do carro alegórico dos baluartes, sendo agredida com um chapéu pelo baluarte Raymundo de Castro.[43] O baluarte Nélson Sargento também preferiu não desfilar, já que possivelmente a roupa de sua mulher, não tinha sido entregue.[44] Estes fatos geraram um certo mal-estar no meio do samba e muitas críticas às diretorias de escolas de samba da atualidade, principalmente à da própria Mangueira.
Ainda em 2007, seu presidente foi eleito para a Academia Mangueirense do Samba, ocupando a cadeira de tia Miúda, e que foi ocupada até dezembro de 2006 pelo compositor Jurandir da Mangueira.
Em 2008, a Mangueira passou por aquela que muitos consideram a sua pior crise. Primeiramente, ainda em 2007, quando todos esperavam um enredo sobre o centenário de Cartola, a diretoria fechou um acordo de patrocínio com a Prefeitura do Recife, ao qual a escola teria como enredo o centenário do frevo. Além de polêmicas relativas à escolha da rainha de bateria, por fim surgiram denúncias de envolvimento da diretoria da entidade com o tráfico do morro. Durante a escolha do samba-enredo, em outubro de 2007, a parceria escolhida foi a de Lequinho, Jr. Fionda, Francisco do Pagode, Silvão e Aníbal, sendo “Francisco do Pagode” o nome artístico de Francisco Paulo Testas Monteiro, o Tuchinha, que passou 17 anos preso por crimes relacionados ao tráfico de drogas. Na final da eliminatória interna, seu samba, mesmo considerado favorito, derrotou outros três fortes concorrentes, como Gilson Bernini e a parceria de Pedrinho do Cavaco e Índio da Mangueira.
As críticas ao fato de um criminoso estar na parceria vencedora foram duramente rebatidas por Lequinho, que encabeçava o samba campeão. Para o compositor, que elogiou seu parceiro de samba, as críticas seriam resultado de um comportamento preconceituoso da sociedade
As polêmicas não pararam por aí: em dezembro, Percival Pires renunciou à presidência, após aparecer num vídeo onde confraternizava com a mulher de Fernandinho Beira-Mar, presa dias depois Em seu lugar, assumiu Eli Gonçalves da Silva, a Chininha, neta de Saturnino Gonçalves, então vice-presidente. Com muitos problemas no dia do desfile, a Estação Primeira terminou na décima colocação, sendo um dos quatro piores resultados de sua história. O ex-presidente da agremiação, Elmo José dos Santos, lamentou profundamente os acontecimentos e o resultado final.