Samba Enredo de 2021
Compositores: Orlando Ambrósio, Diego Nicolau, Richard Valença, Renan Diniz, Jefferson Oliveira, Chaynne Santos, Jp Monteiro, Dudu Senna, Thiago Vaz, Professor Laranjo, Sérgio Joca e Mário da Vila Progresso
Intérprete: Guto
Letra do Samba 2021:
ILU OLOKUN
SOMBRIO SENHOR DO MAR
RESSOA SEU TAMBOR PRA REVELAR
A VIDA MERGULHOU BEM LÁ NO FUNDO
NO MAIOR DOS REINOS DESSE MUNDO
GUARDA NAS PROFUNDEZAS, SEUS CORAIS
FARDA DE CORRENTEZAS NATURAIS
REINA TRIUNFANTE MAJESTADE
NAS FRIAS ÁGUAS DA ANCESTRALIDADE
VEM DA ÁFRICA PELO OCEANO
É FANTÁSTICA A MAGIA DE LÁ
O BATUQUE INCORPOROU, É PERNAMBUCANO
A CULTURA DESSA GENTE A ECOAR
E A PELE NEGRA FEITO ESTANDARTE
FOI PELA CIDADE, MEU MARACATU
FEITO POESIA NA VOZ DO CANTADOR
CORTEJO PARA O REI NAGÔ
Ê BAQUE VIRADO Ô LANCEIRO REAL
UM LINDO ROSÁRIO VEM NOS ABENÇOAR
GONGUÊS E AGBÉS TOCARAM EM LOUVOR
CHEGARAM NO MEU RIO DE JANEIRO
Ô GIRA SAIA, GIROU A SECULAR TRADIÇÃO
NO JUBILEU DE OURO DO MEU PAVILHÃO
É O ” POVO DA BATALHA” NA IMENSIDÃO DO MAR
MEU SAMBA VAI NAS AGUÁS DA VITÓRIA
O INFINITO AZUL MAREJA MEU OLHAR
PRA SOSSEGO FAZER HISTÓRIA
RESUMO
Justificativa
O G.R.E.S. Acadêmicos do Sossego, orgulhosamente, atravessa a baía da Guanabara rumo à capital, onde desembarca o seu povo trazendo no rosto o sorriso de Niterói e a força da Batalha em sua raiz para mais uma vez fazer Carnaval.
Saudamos as águas, saudamos o mar.
Pedimos licença.
Essas mesmas águas que nos separam da África, nesta noite, nos ligarão de novo a nossa ancestralidade. Celebramos “Os Tambores de Olokun”, grupo percussivo e de dança carioca que homenageia o sagrado orixá da nação Nagô Egbá.
Olokun é pai e mãe de Yemanjá. É a divindade guardiã das profundezas do mar e uma das mais poderosas da religião Osha-Ifá. O sincretismo de religiões africanas que deu origem ao Candomblé frutifica na forma de manifestações culturais e artísticas brasileiras. Em Pernambuco este fato deu origem ao Maracatu e seu cortejo real, que há mais de um século coroa a negritude brasileira.
Por tanta admiração a todos os elementos sagrados e profanos que envolvem o folguedo, no ano de 2012 nasce um grupo que realiza oficinas de percussão e dança, respeitando e contribuindo para divulgar tradições musicais, históricas e religiosas da nossa identidade afro-brasileira, transformando a vida de inúmeras pessoas através da sua arte singular, trazendo ao Rio de Janeiro um pedacinho de Pernambuco.
Viva Olokun! Viva o Maracatu!
Viva os tambores que jamais irão se calar e as saias que jamais irão parar de rodar!
Prelúdio das Águas
“Eu saúdo o Senhor dos Oceanos.
Cuja grandiosidade não me cabe entender.
Olokun, minha fé é tão grande quanto a quantidade de água existente nos mares.
Da mesma forma permita que haja paz em meus caminhos!
Olokun, espírito imutável a quem reverencio com muito respeito!
Axé, axé, axé!”
Antes de tudo vieram as águas. Águas que caíram do alto e formaram os domínios marinhos. A terra é um infinito azul banhado de vida pelos oceanos que separam e unem histórias que se contam pelos quatro cantos do mundo. Tudo o que se vê no azul-marinho é domínio de Olokun. Ora azul-sossego no cristalino espelho d’água, ora azul-mistério em profundezas intocáveis.
O senhor dos mares habita a infinitude dos abissais, onde ergueu o seu reino de encante com seu séquito de tritões e ninfas do mar. Sua presença é evocada pelo ressoar de grandes conchas que ecoam triunfantes por todos os mares.
Olokun é senhor de tambores sagrados. Tambores de misticismo. Tambores da paz e da guerra. Entregues aos homens, sagrou-se a ritualística: Ilú dos oceanos, Ilú do estrondar das ondas. Ilú-Olokun, os tambores do mar.
Enlaces Culturais em Pernambuco
Este mesmo oceano que banha a terra-mãe da nossa ancestralidade se arrebenta nos arrecifes de um pedaço da nossa história brasileira. Desta vez, sem separação, o mar é o laço de união.
Esta terra era a “paranãpuka” dos Tupi. O mar furado, abundante de peixes, provedor da fartura aos povos de pele morena, sentinelas primeiras que ostentavam altivos seus diademas de pena.
Este mesmo mar trouxe estranhos de um velho mundo. Desembarcaram lusitanos, franceses e holandeses em “Fernambouc”, deitando seus olhos de cobiça sobre o rincão onde aprendeu-se a liberdade: entre flechas e tacapes, facas, fuzis e canhões.